Estava eu a ler
um texto em um blog chamado papo de homem, no qual falava sobre a pele branca ser normativa na sociedade ocidental. Ao decorrer do texto fui me deparando com
algumas questões sobre etnias das quais eu já havia desconstruído, porém, uma
frase me chamou a atenção “a
normatividade se define pela ausência.” Quando li a frase achei
interessante para se pensar e coloquei no meu “Ctrl+C”, mas, até aí só havia achado
uma frase interessante para uma reflexão num âmbito geral e continuei a leitura.
E lá pelas tantas do texto, onde o autor
falava sobre essa normatividade pela ausência ser encontrada evidente na turma
da Mônica, onde se pergunta “Pense na Turma da Mônica. De que cor eles são?” Eu como uma fã e eterna
leitora dos quadrinhos da Turma da Mônica pensei “Ora, de várias cores e
minorias”. Logo em seguida o autor trouxe o que seria uma resposta parecida com
a minha que: “se fossem pretos, seriam desenhados como o Jeremias; asiáticos,
como o Hiro, indígenas, Papa-Capim.”
E adiante ele fala que em momento
algum há uma demarcação clara para personagens como a Mônica ser evidenciada
como branca sendo que não há uma característica marcante. Foi aí que a frase deixou de ser uma coisa
geral e me afetou diretamente. Quando eu comecei a perceber que eu me denominava
branca pelos mesmos critérios que a Mônica transparece ser branca aos leitores.
Eu sou descendente de várias etnias,
e sempre me defini branca ainda assim. Porém,
algumas vezes que eu vou responder questionários já peguei me perguntando “por que
sou branca? Será que eu não sou parda? Mas, logo cesso minhas dúvidas e penso
que visualmente tenho a pele clara e não seria vista socialmente, senão, como
uma pessoa branca. Mas, nunca havia me dado conta que eu me definia branca pela
ausência e não pelo fato de ter uma pele clara.
Eu cresci lembrando de algo que
minha avô dizia sobre uma prima minha, “fulana não é branca é morena clara!”sendo
que nitidamente a pele dessa prima em questão comparada a minha é visivelmente
mais clara! Mas o que definia para minha avó ela ser morena? Os cabelos! Passei
toda vida rindo dessa maluquisse da fala da minha avó, e hoje entro em conflito
com algo que antes parecia ser tão obvio.
Então entrei em um questionamento, teria eu
definido minhas características de identificação como branca, por ausência de
um traço que me diferencie? Minha identidade foi construída a partir de uma
normatividade, na qual eu não tendo algo que me diferencie nitidamente como
parte de uma minoria? O que seria coerente, eu ser identificada pelos meus ascendentes,
ou pelo resultado genético qual eu transpareço ser? Porque nem mesmo meu
resultado genético me define tão branca, tenho cabelos
cacheados/frisados/crespos, de fios grossos e coloração escura, olhos castanhos
claros, pernas grossas e bunda grande,
que foge de um padrão europeu.
Sou branca? Não sei mais...
Blog supracitado Papo de homem